MARIA CHEGA A BELÉM

Vamos dizer que de alguma forma Maria estivesse revivido (não me pergunte como), e está de viajem, vindo de Jerusalém para a Cidade das Mangueiras, cidade esta que a chama por “Mãezinha”.

Maria chega à cidade de Belém, justamente no período do Círio. Ao descer no aeroporto da cidade percebe que uma multidão se avoluma a espera de alguém. Meio assustada teme em descer do avião, porém vencida pela curiosidade (típica de mulher) desce e é ovacionada com um estrondoso grito da multidão:
– Viva Nossa Senhora!
Que foi respondido, por um mais estrondoso grito:
– Vivaaaaaaaaaaaa!

Maria ouve aquela gritaria, porém não compreende que tudo aquilo era para ela. Mas, nota que todos os olhares das pessoas convergiam para ela e que todas as devoções feitas pelos paraenses tinham um nome em comum: MARIA.
Aquilo era muito estranho para ela, visto que viveu toda a sua vida exaltando e vendo o nome do Filho de Deus, Jesus Cristo, ser exaltado e nunca o seu nome.

Meio atordoada por tantas coisas que vê pela primeira vez, Maria olha com cuidado tudo o que era mostrado, e então fita os olhos em uma imagem. Era uma imagem em sua homenagem. Aquilo era algo reprovável para o seu povo, o povo judeu. O seu povo jamais aceitaria uma imagem e muito menos confeccionaria uma.
Maria não se conteve. Estendeu a mão em sinal de silêncio. O povo se acalmou querendo ouvir pela primeira vez a voz de Maria. Então, em voz alta, ela disse:
– Parem! Nunca leram as Sagradas Escrituras?

O padre da cidade, muito entusiasmado responde:
– Claro que sim, Rainha da Amazônia!
– Não me chame assim, retruca Maria, pois a Palavra de Deus diz no livro de Êxodo 20.3-5: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não adorarás, nem lhes darás culto”.
O padre, um pouco constrangido, contudo sem se abater responde:
– Não achamos necessário fazer essas citações em nossas missas. Gostamos, mesmo, é de falar e admirar a Senhora.
– Por quê?, admirada, pergunta Maria.
– Porque a Senhora é a Mãe de Deus, ou seja, superior a Ele, intercedendo junto dEle, informa o padre paraense.

Maria, esboçando um leve sorriso, percebe que o povo nada sabia da Bíblia. Então, ela diz:
– Eu não tenho nenhum poder em mim mesmo. Sou tão pecadora como todos vocês. Nunca leram o que Lucas escreveu de mim em Lucas 1.47, quando eu muito alegre cantei: “e o meu espírito se alegrou em Deus, meu SALVADOR”? Como poderia dizer “SALVADOR”, se eu não fosse pecadora? E não sou nenhuma Senhora, pois em Lucas 1.48, eu me coloquei como a mais humilde de todas as servas.
O padre percebendo que não agradava em nada Maria, a leva então para as festividades do Círio de Nazaré. Maria, então, indaga:
– O que é o Círio de Nazaré?
– É a maior festa religiosa, realizada em nosso país em sua homenagem. Você é nossa Rainha. Você manda em nós. Fale e obedeceremos, disse o padre.

– Percebo que não me conhecem, disse Maria, pois se assim fosse, teriam lido o que falei em João 2.5, naquele belo casamento em Caná: “Fazei tudo o que Jesus vos disser”. Ele, Jesus Cristo, é que manda em vocês. Obedeçam ao que Ele disse em João 14.6: “Eu sou o caminho, a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”. Eu não sou o caminho, mas Jesus.
Aqueles homens, ao verem que nada agradava Maria, disseram em voz coral, a fim de abajularem:
– Você é bem-aventurada, pois tiveste o privilégio de amamentar o Senhor Jesus.

– Cansei, disse Maria. Vocês não sabem nada. São verdadeiramente cegos. Pois Jesus Cristo, o meu Salvador, Senhor e muitas vezes superior a mim, já disse em Lucas 11.28: “Bem-aventurados são os que ouvem a Palavra de Deus e a guardam!”, que é o que vocês não fazem e nunca fizeram.
– Mas Maria, disse o padre, como pode dizer isso? Você é muito santa, é nossa ajudadora.

Maria, então, olha para os céus e exclama:
– Oh, Senhor Jeová, eles não sabem o que dizem. Pois, eles não me viram lá em João 19.25, quando eu estava ao pé da cruz, vendo a minha salvação sendo concretizada no sacrifício do meu Senhor Jesus Cristo. Ele, somente ele, é o Santo de Israel, o grande Ajudador do homem.
O padre vendo que estava sendo envergonhado, disse bastante irritado, apontando em direção ao aeroporto:
– Vá embora, pois você não é Maria. Pois se fosse aceitaria nossas homenagens.

– Vou, respondeu Maria. Porém, vou embora orando a Deus, que esta cidade guarde, pelo menos, o que está escrito em Mateus 4.10: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto”. E desta forma esta Cidade, será morada de Deus.
Então Maria, foi ao aeroporto, e foi embora para Jerusalém.
Esta estória, é apenas uma ficção. Mas, que está condizente com as Sagradas Escrituras. Ao Senhor Deus, somente a Ele, a honra, a glória, o poder, a majestade e toda a adoração. Louvado seja Deus!